quinta-feira, 18 de outubro de 2012

024 - Advaita – Práticas e caminhos espirituais

Advaita – Práticas e caminhos espirituais ?

Estou lendo um livro que sei que terei de reler várias vezes. Estou lendo o capítulo "Spiritual Paths and Practices" do livro de Dennis Waite "Back to the Truth". É um capítulo longo e de difícil aprendizado pois procurando ser imparcial na exposição de Advaita, ele mostra diversas opiniões de diversas pessoas sobre se há uma prática espiritual ou experiências espirituais ou caminhos espirituais que nos levem a responder "Quem somos nós ?"

Sundance Burke explica claramente como a nossa mente está procurando por uma resposta que ela mesma é incapaz de entender : "Descobrir a sua verdadeira natureza não é como procurar pelos seus óculos quando você os perde. Seus óculos são um objeto e um objeto existe pontualmente em algum lugar no tempo e no espaço. Óculos podem ser achado. Que você é objetivamente não pode ser achado." A mente diz ele é a ferramenta errada para esse trabalho. Ela só é boa para encontrar coisas.

"Você honestamente não pode ser localizado. Você não pode alcançar a realização permanente identificando-se pessoalmente com um senso fugaz disso ou daquilo. Nem uma idéia ou sentimento realmente se encaixa em quem você é de fato. Tudo que você tentar vestir em você fica muito pequeno, muito apertado e muito fugaz. Você tanto pode ficar fazendo compras no shopping da mente, esperando encontrar a definição ou conceito que lhe caia perfeitamente, permanentemente quanto pode ficar pelado na verdade e simplesmente livre." (Simply Being Free by Sundance Burke)

"Não há caminho a seguir. Caminhos nos levam daqui para lá. Como pode haver um caminho que leve daqui para aqui ? Caminhos só nos conduzem para longe de casa. A casa é lucidez. A casa é paz. A casa é o céu. Todos os caminhos para o céu o conduzem para um inferno".

Enquanto o pensamento mais tradicional de Advaita argumenta que o ganho de conhecimento pode ajudar a remover a nossa ignorância e diminuir o domínio do ego, o pensamento mais moderno de Advaita, alega que não há ninguém que deva fazer coisa alguma, como se vê no pensamento expressado por Wei Wu Wei em "Ask the Awakened" e Stephen Wingate em "Reflections" :

"Não há caminho a seguir. Caminhos nos levam daqui para lá. Como pode haver um caminho que leve daqui para aqui ? Caminhos só nos conduzem para longe de casa. A casa é lucidez. A casa é paz. A casa é o céu. Todos os caminhos para o céu o conduzem para um inferno".

A razão segundo Waite para tantos caminhos diferentes é que nossas mentes, corpos e egos funcionam diferentemente. Todos os caminhos objetivam efetivamente remover o efeito de obscuridão do ego. A noção de que não há nada para praticar é relativamente moderna em compasso com o pensamento ocidental do "eu quero agora" e não ficar se preparando gastando uma vida inteira.

Jan Kersshot explica sua visão : "A crença em um caminho progressivo é bastante popular, mas para mim é completamente contraditória com o significado de liberação. A crença em um caminho espiritual que leva ao topo da montanha é baseada em dois conceitos errôneos – primeiro é a importância que você dá a parte pessoal da história (como eu posso alcançar o topo da montanha ?) e segundo é que você nutre ainda o conceito de um fenômeno temporal, sua esperança em um futuro melhor (Quando eu vou chegar lá ?). Enquanto você não entender que a libertação é não-pessoal e é atemporal, você parecerá com o burrinho correndo atrás da cenoura. A libertação verdadeira é impessoal, e portanto, você não pode declarar posse sobre ela como sendo a sua libertação. Você não possui a sua libertação. Além do mais, ela é atemporal, (não quero dizer aqui e agora, mas além do espaço-tempo) e assim isso não pode ser projetado no futuro. Mas caso você faça essa projeção no espaço-tempo, você estará se equivocando – embora também não exista nada de errado em fazer isso...."

Há ainda o fato de que muitas pessoas estão mais interessadas no caminho do que no objetivo. Elas gostam deste debate intelectual de caráter filosófico. Aja Thomas diz : "A situação é muito parecida com uma recente analogia que foi compartilhada comigo. Se você tivesse duas portas, uma porta para o céu e outra sobre uma palestra sobre o céu, você descobriria que uma vasta maioria de pessoas iriam se enfileirar para assistir a palestra. Frequentemente estamos mais interessados em saber sobre o divino, falar sobre o assunto e impressionar as pessoas com a profundidade de nosso conhecimento, do que simplesmente experimentar o divino.

Há ainda um comentário que gostaria de acrescentar de Satyananda que está em par com o nosso modo de vida : "Quem sou eu ? é questão que a mente não pode responder. E nesta impossibilidade ela pára. Vocês sabem, é como computadores – quando você põe algo que ele não é capaz de lidar ele dá um crash, pára. É o mesmo com a mente. Se a mente pergunta "Quem eu sou ?" ela não pode solucionar a questão porque tudo que ela conhece é mente e forma. A fonte da mente está completamente além do nome e forma, e assim não pode ser posta em uma caixa. Nesta impossibilidade, a mente simplesmente pára. O que permanece consciente é quem realmente você é. Esse é o caminho de casa, cortando através de tudo – paixão, medo, dor, o que quer que seja. O verdadeiro você é tudo que permanece."

Até a próxima.

Martius de Oliveira

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